Cansado

Por Ricardo Veras

Cansado.

Sou daqueles que, recém-nascido, já eram levados ao Canindé, mais novo que eu 4 anos.Desde 2015 escrevo sobre a Lusa no site Jogo em Pauta. Este ano, com a chegada da SAF, me convenceram a sair da arquibancada para fazer a cobertura esportiva.Eu assisto futebol com o olhar do torcedor. Cauan de Almeida estudou futebol. A SAF trata o futebol como negócio. Durante a temporada, cada um defendeu sua tese.

📷 Ricardo Veras

A SAF, com seus scouts, mede passes, escanteios, finalizações… mas esquece que a tabela do campeonato mede o que realmente importa: jogos, vitórias, empates, derrotas, gols e pontos.Sobre o Cauan — nada pessoal —, mas nas coletivas, suas respostas se resumem sempre a “trabalho, união, comprometimento”. Se perguntarem a temperatura, ele provavelmente dirá que “está unida e comprometida”. Esses jargões do futebol cansam. Sinto falta do tempo em que o repórter arrancava uma frase crua do jogador recém-expulso.Este ano foi uma experiência nova para mim: viver os bastidores do clube. Mas, no fim das contas, percebi que a arquibancada — mesmo sem “estudar” futebol — já sabia. Um time que repete erros, repete as argumentações nas coletivas de imprensa.

E nessa de “série D é assim mesmo”, empurrou-se com a barriga problemas que deveriam ter sido resolvidos lá atrás, ainda na derrota para o Água Santa. Em bom português: a saída do treinador.Li, esta semana, que não reforçaram o elenco para o mata-mata para “não rachar o grupo”. Se isso for verdade, pagamos o preço. Sou do tempo que titular era titular e reserva, reserva. Essa conversa de rodar o time para que todos tenham ritmo. Que ritmo? Que entrosamento?Todo o jogo os mesmos erros e defeitos.E não, não me considero um “comentarista de resultado”.

Apenas entendi que, já que a SAF escolheu um caminho, não era eu quem iria criar atrito — até porque não tenho o peso que outros têm para isso.Nervoso, não fui à coletiva de imprensa de hoje. Não queria ouvir, pela enésima vez, sobre “trabalho e comprometimento”, Já sei de cor. E ele falou disso. Imagino que a SAF, agora, vai falar em “aprendizado no primeiro ano”.Mas os mais de 8 mil que estiveram hoje no Canindé não querem estatísticas nem discursos prontos. São eles que estão ali há décadas. Os profissionais, não. Esses, em breve, estarão em outros clubes — e espero que estejam.Já deu essa conversa de microfone e esse time amontoado em campo. Mesmo quando atacou no segundo tempo, foi desordeiramente. E sobre os pênaltis… que mania irritante de correr para a bola e parar no meio do caminho! Talvez os scouts e o “comprometimento” aprovem. A arquibancada, NÃO. Obrigado a todos que acompanharam o Voz da Lusa e o Jogo em Pauta nesta temporada.

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