Por Ricardo Veras
A Portuguesa venceu o Maricá e garantiu o primeiro lugar no grupo da Série D. Conquista importante. Permite decidir em casa o primeiro mata-mata. Mas basta olhar para a arquibancada (ou para as redes sociais) para perceber: a torcida ainda não está convencida. O futebol apresentado até aqui divide opiniões. Para alguns, o desempenho é fraco. Para outros, o que importa são os números — e, convenhamos, eles estão do lado do técnico Cauan.

Eis o dilema que marca a campanha da Lusa: resultados consistentes com atuações pouco convincentes.Falo com a experiência de quem acompanha esse clube há mais de cinco décadas. Vi times que encantaram, como os de 1985, entre 1995 e 1998, e nem assim foram campeões. A Barcelusa, essa sim, foi. No restante do tempo, fomos habituados a campanhas medianas, sofridas, muitas vezes frustrantes.



O torcedor da Portuguesa conhece a dor de tomar gol nos acréscimos, de ser prejudicado pela arbitragem, de entregar vitórias como quem entrega flores. Este ano, fomos novamente prejudicados — contra o Nova Iguaçu, dentro e fora de casa —, mas pela primeira vez isso não interferiu no fim da história. Classificamos.

E bem demais.Sim, o time não encanta. Mas também não desmonta. Sofre gols evitáveis, é verdade. Mas também marca nos acréscimos, conta com a sorte, com erros dos adversários, até dois gols contras — nos deram! Finalmente a maré parece estar a nosso favor.Cauan não é carismático. Não será ídolo. Ganhou a antipatia de parte da torcida e não ajuda com gestos como levar a mão à orelha depois do gol ou responder repórteres de forma ríspida. Mas há uma frase antiga no futebol: “Você quer resultado ou alguém pra ser seu genro?
Agora novos desafios, Mata Mata com 16 times.

“Pois é. Por ora, os resultados estão vindo. A hora, portanto, é de união. Faltam três confrontos para o acesso”. Três. Uma campanha que poderia ser mais do mesmo pode virar uma virada histórica. E a gente sabe: subir da Série D significa calendário cheio em 2026, vaga garantida em uma competição nacional com pontos corridos — coisa que a Lusa não vê há tempo demais.Tem muita coisa que eu, como torcedor, também não gosto.
Mas agora não é hora de dividir. É hora de apoiar. Como diz o hino antigo: “Você faz parte de uma grande família…” E em outro verso: “Muitas obras vai realizar dentro do esporte brasileiro.”Talvez este seja o início de uma dessas obras. Desde a votação da SAF, tudo tem sido histórico. Que continue assim.Porque, honestamente? Em 50 anos de arquibancada, vi poucos momentos como esse. E quero acreditar que novos tempos -finalmente -chegaram.