Por Ricardo Veras
Tive que esperar mais de 24h para raciocinar e poder escrever sobre esta tarde e noite de sábado. Eu não me emocionei o quanto imaginava, mas sei o motivo. Eu procurei gente, a filha, os amigos, gente nova. A hora foi passando, avançamos nas alheiras e nos pastéis de nata, nos abraços. Olhei com nostalgia para os locais conhecidos de todos nós, desde o Cais do Porto, os prédios, a estrutura do estádio e as torres, que com o emblema da Portuguesa se tornaram um marco especial. Olhei com raiva para a tenda onde era o campo de areia e ver o local das piscinas como estacionamento também não foi fácil. Evidentemente lembrei do meu pai, assim como vocês dos seus que já se foram.

f: Ricardo Veras
Na foto que tirei com minha filha, postada aqui, veio o nó na garganta. Ao subir as escadas, filmei meu pé. Um amigo me abraçou. Subimos juntos pela última vez. É como se sente um jogador entrando. Você vai subindo, aparece o céu, depois o placar no horizonte e ao chegar ao topo, a relva. Sim, a relva, como se diz em Portugal.

Houve uma indecisão sobre onde ver o jogo. Atrás do banco de reservas, local que meu pai era viciado, pois antigamente a cobertura do banco não atrapalhava a visão. Ver na Leões, vício meu da adolescência. Meu desejo sincero era ver de pé, lá na lateral da marginal, onde a adrenalina sempre me pegou mais, eu quase chutava junto, apoiando cada ataque. Mas resolvemos ficar atrás do gol, na parte alta, onde gosto da visão. O motivo, estávamos num grupo de oito pessoas.
Ali encontrei mais amigos. Vendo vídeos hoje, percebi que em qualquer local que estivesse, abraçaria alguns, deixando de encontrar outros. Pois a torcida compareceu.
Por um momento fiquei olhando cada canto do estadio: Já vi jogo dali, dali, dali, e dali também. Até de onde fica hoje a torcida visitante vi um jogo contra o Grêmio pela Copa do Brasil, quando o Ronaldinho Gaúcho ainda era promessa.
O texto deve estar ficando grande, mas não vou pedir desculpas por isso. Eu já estive na sala dos anúncios do auto falante. Já comentei um jogo das cabines. Já comi a comida da diretoria visitante, uma vez que entrei nas tribunas e não sabia que era deles.
Ah, Canindé!
Daí veio a partida. Fizemos 2 X 0. Eles empataram. Não vou esticar nisto. Não merecíamos.
Continuo esperando por dias melhores. Pois a Lusa há de crescer, para fazer jus ao amor de cada torcedor que sabe que as coisas precisam se modernizar, mas que ficarão com saudade do cimento rústico.
Ao futuro Lusa! Valeu Canindé.