Dia para a história

Por Ricardo Veras

Hoje será um dia magnífico nas dependências da Associação Portuguesa de Desportos. Datas históricas a Lusa sempre teve. Recentemente a mudança para SAF foi uma delas.
Mas hoje senhores…

f: Reprodução / Facebook

Sim. Hoje é um dia de mudança visível, realmente palpável para quem conheceu e mais ainda, viveu a atmosfera do Canindé. Um Canindé inaugurado em 1972, ainda sem as torres de iluminação e a parte das numeradas. Um Canindé onde o banco de reservas ficava atrás do gol, que não tinha alambrado, só o fosso entre os banquinhos e o gramado. Um Canindé de arquibancada cor de cimento. De uma geração que levava almofada com o escudo da Portuguesa para sentar no chão duro. Aquele uniforme padrão dos nossos avós com boina, calça social e chaveiro preso ao cinto. Um sotaque cada vez mais raro nos nossos ouvidos. Pessoas saíam da piscina em traje de banho para arquibancada. Aquele deficiente que, com muletas, fazia embaixadas em troca de moedas.

O Sr. Leonardo ” Sardinha”, perseguidor de bandeirinhas. O Gil Gomes sentado no meio da galera.
Mas nesta data, a despedida é mais do que desta época. É uma despedida dos quiosques, das quadras. As piscinas e o campo de areia, nem o direito de nos despedir nos deram. Mas vamos falar de coisa boa, de uma nostalgia alegre. Eu jamais iria num show do Amado Batista. Mas o vi, no Canindé. A última noite de fogos em junho, enfim.
Não será só dia de entrar no estádio. Mas de olhar cada cantinho, lembrar cada alheira, bolinho de bacalhau, sardinha e cerveja tomada pelos cantos, em festas.

É dia de rever família, amigos, gente que nem sabemos o nome, mas que ao passar cumprimentamos, nem que seja levantando a sobrancelha. Gente que se abraçou na hora do gol, gol que criou intimidade momentânea.
Dia de lembrar do meu pai.
Sem dúvida, a data que vale a frase: Recordar é viver.

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