Emoções e Perspectivas da Torcida Portuguesa!

Por Ricardo Veras

Não me lembro a primeira vez que entrei em um estádio para ver a Portuguesa. Mas sei que ainda usava fralda. Zecão, Ado ou Miguel fazem parte da minha mais remota memória defendendo o gol lusitano. Cardoso, Calegari, Badeco. Xaxa, Tata e Wilsinho. Enfim. A camisa da marca Atleta, o número 8 do Enéas que ficava quase na nuca, ao invés de ser bordado mais abaixo, as costas. O Canindé com corrimões verde e vermelho, ao invés de muros no alto da arquibancada. A cabine de TV de madeira, do lado oposto ao de hoje. O Orlando Duarte narrando “É gol, gol, gol!”
Saíamos de Santo Amaro na Kombi do meu pai ou no Dodge Dart branco do vizinho. Outras vezes saíamos da casa dos parentes na Vila Formosa.

f: Arquivo Pessoal


A Leões da Fabulosa com calças brancas, o chapéu Daniel Boone em verde e vermelho que algum integrante da torcida usava. O Canindé, ainda antes da primeira reforma, sempre lotado. E os jogos no Pacaembu enquanto se construía a parte nova. O torneio de inauguração dos refletores. A Lusa sempre chegando nos anos 70. Minha tristeza ainda infantil nos vice paulistas por pênaltis. Uma má sorte sempre contra nós. Aquele jogo com o Vasco no Pacaembu totalmente tomado. O maior público que vi a nosso favor.


Os anos 80 vieram, a Lusa continuava beirando os títulos. Me irritava ouvir que “morria na praia”. De 1995 a 1998 foi um oásis torcer para Lusa, e mesmo assim, só batia na trave.
Na virada do século a Lusa desandou. Ser campeão na A2 nunca mexeu a fundo. A série B do brasileiro, sim. Mas em meio a tanto sobe e desce, não mostrava ser uma raiz definitiva de ressurgimento.
Os clássicos no Pacaembu onde a torcida entrava pelo portão monumental, passava embaixo da torcida adversária, e aí de quem jogasse um copo lá de cima.
E a Portuguesa sempre foi mais que isto. Cada festa no Canindé! Seja típica ou show. Os maiores shows foram vivenciados dentro do clube.


Tudo isto fez em muitos, mais do que futebol, uma cultura.
Falando só de futebol, desde a virada do século, nossos imigrantes da epoca das guerras mundiais começaram a morrer, a torcida a minguar. Confesso que por vários momentos a ideia do ” É melhor fechar” praticamente me convencia. E eu explico o porquê.


Eu não sei qual a importância que o mundo do futebol vê na Portuguesa. Mas o futebol sem a Portuguesa, não é nada. Nunca me empolguei com jogos de ninguém, por mais que o campeonato fosse grandioso.
A partir de 2025, uma nova era se instaura. Se a Lusa vai ser só pedra no sapato dos outros, se vai crescer, ser gigante, tudo isso passa pela administração futura. A Portuguesa só tera grande futuro se angariar torcida. Por mais orgulhosos que sejamos das nossas origens, daqui trinta ou cinquenta anos todos os imigrantes e nós, descendentes diretos estaremos mortos. A Lusa precisa manter raizes de origens, porém, abraçar todas as etnias.
Sei é que pelo DNA da minha família, posso ter mais uns vinte e cinco anos de emoção.
Todos nós pensamos muito sobre a Lusa, alguns poucos têm o microfone, outros se metem a escrever como eu, e eu sei que você, mesmo que seja mais calado, está eufórico com as novas possibilidades.

Para finalizar, poderia apagar tudo que escrevi e dizer: Que sorte você deu, Futebol. Pois se a Lusa morresse, eu te enterrava junto.

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