FutsalDown, a cada jogo, um lance de incentivo e um gesto de uma vitória
Por Arthur Dafs
Mãe, Compreensiva e Super companheira do seu filho Matheus dos Santos. Ivone Aparecida de Oliveira conta a história do seu filho, como ela e ele souberam enfrentar e se adaptar a realidade de um mundo ainda contaminado por muitos preconceitos e ignorâncias e simultaneamente como Matheus superou seus desafios em sua vida. Das Ruas do bairro do Grajaú em São Paulo para as conquistas com o time da Seleção Brasileira.
“Meu filho, apesar de adorar futebol desde muito pequeno, quando começou os treinos na Associação Paradesportiva JR, tinha muita dificuldade. Com muito treino e sem faltas injustificadas a estes treinos, sob muito incentivo, persistência e foco, e participando em todos os eventos que envolviam sua presença, hoje ele se destaca no time e acredito que será convocado para o próximo Mundial de Seleções a ser realizado na Turquia.
foto: Arquivo Pessoal
Infelizmente, temos muitos responsáveis por estas pessoas que preferem deixá-los presos em casa para que eles não sofram discriminação ou decepções. Uma atitude errada.
Esta pessoa não vai ter este responsável a vida toda, ele precisa ficar independente o mais rápido possível, e sofrer decepções faz parte da vida. Meu filho fica na rua o dia todo e já passou por momentos ruins e aprendeu muito com isso. Também são muitas as alegrias, como aprender a andar de bicicleta sem rodinhas, sozinho aos 9 anos. Diante das muitas lições e experiências Eles aprendem a buscar o que querem e melhorar o que puderem. Só é preciso acreditar em suas capacidades e deixa-los dar seus passos sozinhos, com você ao lado e não no lugar deles”.
foto: Arquivo Pessoal
Matheus mora na região do Grajaú e desde os seus 8 e 9 anos, ficava o dia todo na rua, lá brincava com os garotos da vila, inclusive , jogava bola com eles e esse contato com crianças “ditas normais” fizeram com que a sua técnica de futebol fosse aprimorada. Sempre obteve o apoio de sua mãe em tudo. Quando começou na JR, praticava ginástica artística, depois futsal e atletismo em 2011.
Matheus nasceu gostando de bola, cresceu com a futebol em seus pés. Em 2006 conhecemos a Cristina, da Associação Paradesportiva JR, que nos convidou a participar nesta associação. Aproximadamente em 2009 começaram os treinos de futsal e numa evolução nos treinamentos, ele foi melhorando nos anos seguintes até ser convocado para a Seleção Brasileira, ressaltou Ivone.
O técnico da Seleção Brasileira treina o time de futsal da JR juntamente com os jogadores da Seleção. Eventualmente, ele reúne os que estão na JR (base da Seleção) e os que são dos outros times para treinos específicos. Ás vezes viajam para outras cidades, Matheus vai sozinho com a equipe. No decorrer dos eventos e, se possível os pais e parentes próximos viajam juntos para prestigia -los.
Pouco olhar e Incentivo
Infelizmente, tudo gira em torno do dinheiro. Se a Seleção tivesse mais “marketing” poderia conseguir mais patrocinadores e, deste modo, bancar jogadores e acompanhante vindos de outros estados. Um exemplo, temos um jogador de Alagoas, que é tido como um craque do futebol. Poderia ser convocado para a Seleção Brasileira se fosse possível trazê-lo para que treinasse com os demais. Falta incentivo, publicidade, vontade política, políticas públicas, afirmou a mãe de Matheus.
O meu filho apesar do chute forte, atua na quadra como fixo. Eventualmente, o técnico inverte as posições e o coloca na frente. O momento mais marcante foi na final do Segundo Mundial de Futsal Down, realizado em Ribeirão Preto. A minha expectativa é de muitas vitórias na vida dele, nos próximos anos, disse Ivone.
Matheus atua na Seleção Futsal Down, atualmente com seus 27 anos, junto a ele na equipe, presenciamos outros atletas no auge dos seus 30 a 40 anos e jogando em alta performance. Tratar as pessoas com deficiência como se não tivessem a deficiência. Essa é a melhor coisa que podemos fazer por elas. Elas são muito capazes, basta um estímulo, um incentivo.
Técnico da Seleção Brasileira
O técnico da Seleção Brasileira de futsaldown Cleiton Monteiro sempre buscou estar à frente de todos os demais, nessa modalidade esportiva. Sempre tratou todos os garotos como atletas e não como pessoas com deficiência, buscou por outros times e marcou jogos com as poucas equipes existentes, dando visibilidade a categoria.
Montou uma Seleção Brasileira, e, da mesma forma marcou jogos, mostrando a todos do que estes garotos (e garotas) são capazes, basta apenas a presença de mais estímulos sobre a categoria. Com isso, foram surgindo inúmeras equipes por todo o país, principalmente depois das inúmeras conquistas do seu time e dos dois Mundiais conquistados.
Foto: Arquivo Pessoal
O movimento Down pelo Brasil e pelo mundo tende a crescer a cada dia.
Falta muito incentivo financeiro, pois fica difícil trazer uma equipe inteira para jogar um campeonato em São Paulo ou leva-los a equipe de capital paulistana para outra cidade. Com isso, o técnico da Seleção Brasileira tem uma enorme dificuldade em montar a equipe com atletas de outras cidades, pois estes atletas e seus acompanhantes precisam se hospedar em São Paulo por vários dias e sem apoio financeiro é totalmente inviável o treino da equipe a ser formada, e de forma eficiente.
A Seleção Brasileira é reconhecida no Brasil e no mundo, pois têm dois dos três títulos mundiais disputados até agora. O quarto Mundial acontecerá na cidade de Antalya – Turquia, nos dias 19 a 26/03/2024 e a nossa Seleção é a franca favorita ao título.
O treinador Cleiton enfatizou sobre os contextos relacionado a modalidade futsaldown, a Seleção Brasileira e sobre o Matheus - um dos pilares da equipe.
Atualmente a modalidade é realidade e virou referência mundial, principalmente após a organização e conquista do mundial de 2019 no Brasil, demonstrou um olhar que ninguém conhecia principalmente a Europa, em termos de organização, treinamento e desempenho, e principalmente a população, mídia ( TV, Rádios, Internet ) que em todos os jogos estavam presentes , batendo recordes de público na história do Ginásio da Cava Do Bosque em Ribeirão Preto-SP na grande final contra a Argentina e num 7 x 5 para o Brasil.
A seleção já é uma realidade mundial na sua forma de jogar, capacidade técnica e tática, se tornou um exemplo para muitos países, conseguimos mostrar ao mundo que eles são capazes de representar seu país, jogando um futsal de qualidade em todos os sentidos. Hoje após a conquista do Bicampeonato, a seleção está mais preparada do que nunca e tenho certeza que vamos surpreender no próximo Mundial na Turquia.
O Matheus é um atleta que deu muito trabalho no começo, principalmente em relação ao comportamento, registrou suspensões ao longo dos anos por indisciplina,mas, e sob os aprendizados eternos perante as necessárias broncas e as suspensões. O que quero dizer é que nunca desistimos do atleta, e acreditávamos sempre que ele poderia evoluir como pessoa e depois como atleta, uma coisa está relacionada a outra. E, em um processo junto com a família – pai e mãe que nunca desistiram dele, trabalhamos em conjunto e deu muito certo, hoje ele é um dos pilares da Seleção na marcação e no sistema tático.