Gandula FC – essenciais ao jogo

Por Diego Souza e Arthur Dafs

Nos bastidores do ambiente futebolístico, vale a tal pergunta: É fácil ser gandula no Brasil? Sim falo daqueles ou aquelas repositores de bola durante os jogos de futebol em nosso país. Ainda que não seja considerado como profissão em nossas modalidades esportivas, porém, é extremamente importante tal função para o esporte em geral praticado com bola – especificamente o nosso futebol.

O repórter Diego Souza conversou com Ponciano Praxedes, chefe da equipe de gandulas do time do São Bernardo F.C., clube da região do grande ABC Paulista. Praxedes ressaltou diversos pontos que envolvem o trabalho de gandula e suas experiências vividas nos jogos do Tigre do ABC.

Ponciano Praxedes

f: arquivo pessoal (Ponciano Praxedes)

Em relação a função do gandula, esse sempre se situa atrás  do gol ou nas laterais sempre com uma bola de reposição, os lados do campo são os mais difíceis para repor a bola em jogo, principalmente se o time da casa está atrás do placar ou até mesmo o adversário  – pois os jogadores exigem a reposição praticamente no mesmo instante a saída da bola, disse Ponciano.

O Chefe dos gandulas já viveu momentos intensos nos jogos, desde xingamentos da torcida, de alguns jogadores e em uma ocasião testemunhou uma desavença antidesportiva num pós-jogo entre um ex-treinador do clube e um de seus gandulas escalados na partida.

Um dos fatores que Ponciano afirma é o equilíbrio ao repor a bola, principalmente por conta da pressão do jogo, o olhar atento da arbitragem sobre os repositores e até mesmo os pedidos vindos de todos os lados do campo como: “Segura a bola”, “Cadê a bola gandula”, entre outras solicitações indevidas ouvidas por todos. Visto que diferente de anos atrás a bola poderia ser entregue ao jogador, atualmente apenas deve ser entregue a bola ao chão.

f: Reprodução (equipe de gandulas)

Praxedes ressalta: “Sempre digo que não é para o gandula assistir o jogo e sim manter a atenção nos 90 minutos e nos acréscimos, pois é determinante para as reposições e ao andamento do jogo, com equilíbrio – a entrega da bola não pode ser nem muito rápida, nem muito lenta”.

Em relação a orientação da arbitragem, o gandula também pode ser expulso, mas antes recebe uma bronca em um tom de cartão amarelo, além da inclusão do árbitro na súmula sobre o fato ocorrido com o gandula no jogo, muitas vezes resultando em uma multa para o clube, concluiu Ponciano Praxedes.

Reconhecimento

Sobre os salários de gandulas, recebemos nossos valores a cada jogo, não temos vínculos empregatícios tão logo não ganhamos grandes fortunas. Acredito que seria ideal um maior reconhecimento tanto do torcedor como do próprio clube e também uma valorização financeira da nossa produção em campo. Em alguns momentos tenho a sensação de sermos como um “Zé ninguém” na partida, penso que a desvalorização do nosso trabalho se dá por não sermos os protagonistas do evento esportivo, afirmou o chefe dos gandulas.

Em relação ao clube do São Bernardo F.C. Praxedes reconhece com uma imensa gratidão a diretoria, por confiar em seu trabalho e da sua equipe nos jogos do Bernô e dos jogos de outros clubes realizados no estádio 1° de Maio, pois geralmente a direção conta com a equipe de gandulas do clube em eventos extra São Bernardo F.C.

Gandula protagonista

Um caso inusitado foi a gandula Fernanda Maia na final da Taça Rio, em abril de 2012, na vitória do Botafogo sobre o Vasco por 3×1 .  Em um dos gols Fernanda foi tão rápida na reposição de lateral que na sequencia da jogada o time alvinegro marcou o gol, recordou Praxedes.

Na ocasião em entrevista ao Lance ela afirmou: alvinegra de coração, diz não torcer por ninguém e confirmou que repõe rapidamente para todos os clubes.

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